Livro "Quimeras Desconcertantes"

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Corações de Marfim


Tenho uma confissão a fazer,
aos deuses e também a ti,
que o mundo quis-me roubar,
roubar o melhor de mim,
criança que nasceu no luar,
num sitio perdido em mim,
sempre com sonhos, sempre com luzes,
de que queria ser diferente,
diferente dos diferentes,
e ao crescer começou a sonhar...
a sonhar contigo...
sem imagem, sem vida, sem pintura,
lá estavas tu...
e a criança cresceu,
romantica apaixonada,
por uma saga de Romeu e Julieta,
desenhada para mim,
num luto de marfim,
e amor sem fim,
mas a vida quis mudar-me o caminho,
destruir o trovador,
colocar uma pedra no poeta,
e perde-lo pela vida.
e um dia morri e voltei a morrer,
para renascer e ser diferente...
Tenho uma confissão a fazer,
aos deuses e também a ti,
perdi-me para me eternizar,
e o coração continuou a pensar,
na verdade de um amor,
e sonhou e sonhou e sonhou,
que pode-se ser trovador,
numa vida de dor,
de sagas escritas,
de sagas vividas,
numa vida de procuras....
andar pelos cantos do mundo,
andar pelos sonhos do mundo,
a declamar o meu sonho,
a declamar o sonho de Romeu,
e faze-lo teu e meu,
meu ou teu,
nosso e vosso,
nosso ou vosso,
até que as escritas perdidas,
que vou colocando nestas entrelinhas,
possam escrever sagas sem fim,
nos corações de marfim.

By Alexander The Poet