Livro "Quimeras Desconcertantes"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Durante a noite toda

Posso-te dizer a maneira como escreves,
a maneira como traças a perna,
e até a maneira como andas e sorris,
desenho-te de olhos fechados,
desenho-te a pinturas endoidecidas e contorcidas,
de sons e movimentos,
porque eu gosto...
gosto de cada respiração que me fazes sentir,
gosto de cada sentimento que sinto ao acordar,
das saudades que se abraçam a mim,
na hora que a cortina da noite,
se debruça sobre mim, sobre ti, sobre nós...
E não faz mal que custe amar,
e não faz mal que as coisas não corram,
como tu e eu desenhamos naqueles rabiscos da noite,
mas se naquele entardecer,
vamos de mãos dadas,
vamos de almas unidas,
assistir ao por do sol,
assistir ao nascer da lua,
fazer amor até as luzes se apagarem,
fazer amor até as luzes reluzirem nos sons,
esses que te fazem apaixonar pela vida,
sons da natureza,
sons das luzes,
sons da magia,
não existe dor, tristeza, que apague a grandeza,
de momentos como estes, nem dos sentidos mágicos,
que poeta das descozidas palavras,
que vou largando ao vento...
porque as vou sentindo...
porque as vou vivendo...
porque as respiro...
nos brocados das nossas almas...
E viramos a cassete do lado A para o B,
do B para o A...
durante toda a noite...
durante a noite toda...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Violinos da noite

Violinos dançam na negra noite,
tocam doces melodias,
em tons melancólicamente ditando promessas...
em notas que vibram a almas perdidas,
que se cruzam e descruzam na vida deste trovador...
Almas que endoidecem, lutam pelos seus direitos,
e no sofrimento dos sons lançados ao vento,
lá vamos outra vez até os sons afinarem,
lá vamos outra vez até a musica sair perfeita,
e agora... que os sons saiem com a força que desejo...
e agora... ...
Eu nasço, reviro-me e endoideço para capturar as notas,
elas que me fazem escrever e reescrever ao ritmo,
desse coraçao que sinto encostado no meu peito,
em corpos nús, só cobertos dos sonhos,
que jamais as sombras nos roubaram,
que jamais o pôr do sol nos fechou o dia.
E quando sentires a tua mão a vibrar,
segura na minha com a maior força possivel,
endoidece, e endoidece-me,
olha nos meus olhos,
olha na minha alma,
e nesse momento...
Deixa que os sonhos sejam nossos,
que as palavras se escrevam numa sintonia de batidas,
numa sintonia de sentimentos...
numa sintonia de corações...
e quando houver momentos,
em que as lágrimas são a cor da nossa escrita...
deixa te respirar a dor,
e agarra a minha mão,
eu irei viver cada lágrima a eu lado,
eu não sou super homem, ou sequer Deus,
sou um simples trovador,
errante como qualquer sonhador,
mas com o fervor que me corre nas veias...
podes ter a certeza...
estarei lá...
estarei para ti nesse momento.
E quando a escuridão parecer querer devorar-te,
e os momentos parecerem já não ritmar,
e as palavras já nem musica são,
são gritos de ajuda lançados num sétimo andar qualquer...

aí...

olha para mim,
pois estamos no mesmo caminho, na mesma rota,
o trilho é sincrono, se te doi, doi-me a mim,
se brilhas eu brilho,
se sorris, eu ireí sentir-me mágico,
porque fiz um arco iris brilhar,
serei mago, ...
porque ...
adoro a maneira como sorris...
adoro a maneira como sentes,
e quando as nossas mãos se cruzam...
quando os nossos corações pulsam,
nem preciso saber o teu nome,
nem preciso de saber o perfume que usas,
ele endoidece-me,
ele amanhece em mim,
permaneceu no meu corpo,
naquele cruzar de olhares,
onde danças-te dentro de mim,
onde te tatuas-te porque a vida brilhou dentro de ti...
tal como brilhou em mim...
tal como brilhou em nós...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Janela no Penhasco

Na desistência...
Ergues-te na magia...
Enlouqueces-te a ti e a mim.
E no penhasco,
rasgamos o teu vestido,
rasgamos as almas,
rasgamos os brocados que me cobrem,
corpos nús,
em luar abençoado,
uivamos nos céus da noite,
fazendo amor até amanhecer...
tu serás a minha sombra,
eu serei o teu pensamento,
tu viverás nas brumas do meu pensamento,
os corpos oscilam toda a noite,
em valsas encantadas,
em sonhos escritos e reescritos,
nestes papiros que juntos,
colocamos em garrafas e atiramos ao mar...
para que daqui a seculos,
milénios ou mesmo infinitos...
alguém a encontre...
noutro espaço, noutro tempo, noutra era...
e leia o que sentimos...
e leia que noutro tempo e noutro espaço...
alguém foi abençoado...
num penhasco...
duas almas...
em dois corpos...
tiveram o universo nas suas mãos,
pararam o tempo,
pararam o espaço,
e todo o mundo...
naquele preciso momento...
girou...
em torno de nós...
aves das noites d'Avalon...

sábado, 21 de agosto de 2010

Relato de um suicidio

Já nada me prende,
já nada me arrebata,
já nada me faz sonhar,
e no sonho morri,
Preparo as facas,
preparo o ritual,
com carinho por saber,
é este o ultimo dia da minha vida,
coloco as fotografias,
dos queridos e desequeridos,
a acompanhar o momento,
como uma fileira a assistir,
a uma pena de morte sentenciada,
ponho um incenso,
finalmente o meu coração sente-se feliz,
porque vai deixar de ser infeliz,
neste dia que é o ultimo dia,
de dores e guerras,
de sonhos perdidos e macabros,
no ultimo dia da minha vida,
coloco o meu melhor fato,
a musica em repeat do angel gabriel,
as lágrimas correm-me,
de uma alegria profunda.
Desligo os telemoveis,
tranco as portas,
e sorrio...
para mim...
para ti...
e para quem me vir...
Pego na faca,
e corto o pulso esquerdo...
sinto o sangue a sair...
não me doi...
sinto a sua temperatura quente,
a encher-me os braços,
pego na segunda faca...
ainda incolume de cor,
e corto o meu pulso direito...
neste dia...
que é o ultimo dia da minha vida...
fecho os olhos...
e choro...
neste dia...
que é o ultimo dia da minha vida...
solidão tremenda...
solidão vaticinando que não posso cá ficar,
vaticinando que sou mais no de menos,
e que não devia existir,
o meu karma,
de só encontrar,
quem não precisava de ser encontrado,
neste meu karma de amores e desamores,
perdidos e desolados,
agora enterro-os comigo...
neste dia...
que é o ultimo dia...
da minha vida...
e levo-te a ti...
sejas tu quem fores...
do meu passado, presente ou futuro...
onde não te encontrei...
e não te vou encontrar...
pois neste dia de solidão...
é o ultimo dia da minha vida...
sinto as forças a esvairem-se,
os braços a fraquejarem,
doi-me o corpo,
mas sorri a minha alma...
estás quase a partir...
estás quase a voar...
sem a prisão...
do corpo...
da mente...
da vida...
ONDE NÃO PERTENCES.

Mais um dia na solidão

E esta é a historia da minha vida,
discos riscados em discos pedidos,
acordo demanhã,
coração frio em noite de maresia,
mais um passo atrás de outro,
mais um dia na solidão de uma guerra,
onde os moinhos de vento vencem,
onde os sonhos que de tão gigantes,
foram explodidos pela solidão,
e para onde for,
levo-te no coração seja quem fores,
e para onde olhar estas comigo seja quem fores,
e vou a caminhar rua abaixo,
no meio da imensa multidão,
sozinho na minha vida,
sozinho no meu mundo,
gritando...
esta é a história da minha vida...
solidão na sobrevivência,
clamando demência,
para conseguir deixar de ter lágrimas,
a encher o meu oceano,
na demência serei feliz,
na ignorancia nao verei o disco riscado,
porque tive de abrir os olhos,
e ver que...
mais um dia que não existe,
mais um dia que passa,
mais um dia sozinho,
do resto da minha vida...

domingo, 1 de agosto de 2010

Reluzir na Escuridão

E se no sonho que reluz...
nos perdermos e nos sentirmos perdidos?
Será que a dança continua,
quando as estrelas parecem parar de brilhar?!...
e os sonhos parecem ter terminado,
a sua existência nefasta no nosso livro?!!
Será que poderemos encaminhar-mo-nos para mais,
do que o sentimento,
e mais do que a magia sentida num breve momento?!
Ou a vibração que sinto aqui neste momento,
é só fruto do meu coração que se perdeu,
antes mesmo de se encontrar?!
Será que somos mais que almas e menos que estrelas?!
Então porque em momentos brilhamos tanto,
e noutros...MORREMOS??!
Não sei qual o destino...
só sei que sinto a necessidade de vibrar mais,
do que tu e de que eu...
mais do que uma rocha ou uma lágrima.
Preciso chegar onde o céu consiga brilhar,
e o mar paire naquele perdido oceano...
que tende em dizer-me que não é o momento.
E eu respondo que por breves momentos,
nunca haverá o momento,
que seja o momento do céu, da terra, do ar...
e do fogo.
esse momento se existir... ?!
serei eu encontrado numa ignorância de não saber,
sentir de menos...
só viver demais...