Livro "Quimeras Desconcertantes"

sábado, 3 de novembro de 2012

-Corações da Memória-


Na essência do sonhador,
Errante das palavras,
errante dos momentos,
É embrenhar-me pela noite dentro,
sentir que estes perfumes do outrora,
que me fazem sonhar pelos tempos do tempo,
onde me apaixono nos tempos parados,
onde o sempre era o presente,
e o presente deixou de ser futuro,
o coração ficou a bater a um só coração...
embrenhar-me em mim,
embrenhar-me na noite...
perdido para nunca mais me encontrar...
pensar que já estive no topo do mundo,
e agora estou com a lágrima em si...
é um grito que lanço ao vento,
para que nesta garrafa lançada ao mar,
alguém lá do além horizonte,
ao a encontrar,
sonhe como esta solidão,
vá sorrir ao ler destes beijos ao vento,
e do além namore com este sonhador coração,
que perdeu a razão,
que perdeu o querer,
vive na tentativa vã de gritar,
que ama o significado de amar,
mas não está apaixonado em si...



Siderada Loucura


Sou tão parco em palavras,
sou tão perdido em actos,
quero um vale de lençóis,
imortalizados como heróis,
gritar no penhasco,
que as horas das horas,
em que tanto te sei,
em que inocentemente,
te quebrei num siderado profundo,
olhas-te nos meus olhos,
e eu perdi-me nos teus,
abraços eternos,
bocas ardentes cheias de fome,
caricias aprisionadas,
morder-te os seios,
morderes-me as costas,
e num desenfrear numa lua cheia,
sentir que estão cegos,
todos as almas penadas que passam,
essas que repassam,
querem nos absorver,
estragar todo este viver,
mas o arco perfeito,
que nós vagabundos,
criamos,
e vocês...
almas errantes, almas gritantes,
não, não vão saber,
como podem rasgar este verso,
nem saber como podem quebrar o homem,...
porque este perfeito momento...
passasse na minha siderada loucura.


Pregos na Cruz


Um amanhecer despercebido,
a sentir uma indiferença pelo espelho,
uma indiferença pelo espaço...
sinto a cobiça na angustia do momento,
e os sete pecados abençoo no avançado da hora,
relembro-me dos pregos na cruz,
que fui pregando,
passo a passo na vida,
e criando o meu avatar,
das perdições dos amares,
apaixonei-me e não quiz saber,
ciclicamente...
infinitamente...
fui seguindo este momento...
a vida mesmo assim,
indicou-me um prego,
para o meu avatar.
E eu fui o criando...
E eu fui moldando...
até ao dia...
em que deixarei de ser...
Um puro inocente,
que jaz nas tuas mãos,
um puro mago cheio de pecados,
e que vive no teu mundo,
e vive no meu mundo...
abençoado pelos espíritos do além,
prosaicos seres,
que te procuram,
até ao fim dos dias,
e não querem saber,
quem és...
só te perseguem,
porque querem saber,
o que me fez...
o que me vergou...
e o que me levou...
a apaixonar por ti.