Livro "Quimeras Desconcertantes"

terça-feira, 26 de junho de 2012

Eternizar o meu pensar


Ando pela noite,
estranhamente noite dentro,
sentimento de perdição,
sentimento de tentação,
elaborando os mais altos graus de sonho,
escrevendo-os nas paredes,
a grafitis pintados,
coloco lá a minha alma,
prostrada e amada,
para que grave nas gerações,
o que naquela noite eu pensava,
e os sons da noite que me iluminavam,
pinto a pastel a tua face,
pinto em todas as paredes,
pinto em todos os morais,
eles são,
a minha PAREDE,
eles serão,
a tua PAREDE,
onde coloco pinturas eternas,
pinturas com o que me vai na alma,
pinturas com o que me vai na escrita,
não queiras saber,
não queiras sentir,
porque quando acordares,
vais estar na tua PAREDE,
quando acordares vais ver,
o teu espelho em todas as paredes da cidade,
ela coberta a manto negro ou marfim,
e o teu olhar a cintilar,
paredes fora,
vais sentir a minha voz,
sempre que as vires...
a sussurrar-te ao ouvido...
não queiras saber dos meus sons,
não queiras saber dos meus escritos,
mas eu vou espalhá-los pela cidade toda,
onde olhares,
onde estiveres,
olha em volta,
PORQUE EU VOU ESTAR LÁ,
olha bem,
porque na pintura da tua face,
tem nos contornos a minha escrita,
tem nos tons os meus sentimentos,
olha bem a face ELA É MINHA,
FUÍ eu que a pintei,
FUÍ eu que te espalhei,
VOU ESTAR EM TODOS OS TEUS OLHARES,
VOU ESTAR EM TODOS OS TEUS PENSARES,
GANHEI-TE PELA NOITE DENTRO,
consegui ter-te a pensar sempre em mim,
nem que seja pela perseverança,
nem que seja pela sabedoria,
de saber, de conhecer,
por onde os teus passos te levam,
por onde a calçada te faz levitar,
Por onde andares,
EU VOU ESTAR LÁ A PINTAR-TE,
a tua pintura a sorrir,
a tua face a chorar,
ireí colocar a tua história,
ireí pintar a tua vertente de sedução,
a tua amarga expressão de má,
olha bem à volta quando acordares...
PORQUE ESTÁS EM TODO O LADO,
PENSA SEMPRE EM MIM,
PENSA EM QUE TE PINTOU,
EU VOU ESTAR SEMPRE NO TEU OLHAR,
para onde quer que vá,
vais-me ver no desespero,
quando estiver a gritar bem alto,
o teu nome na madrugada,
em cima da ponte,
em cima do rio,
PORQUE VAIS ESTAR EM TODO O LADO,
Vou-te colocar em todo o lado,
vais-me ver sempre,
vou-te ver sempre,
vou conseguir,
sim vou conseguir,
eternizar o meu pensar.

Noite cruzada na madrugada


É um sonho ao o ser,
é uma forma de permanecer,
é uma forma de suspirar,
uma forma de o abraçar,
na dança de viver,
no instante do sentir,
é o guardar d'uma alma,
é o voar na madrugada,
é o cantar dos bosques,
o sentir do vento no vazio,
é o desenhar na areia,
as palavras desencontradas,
nas palavras cruzadas,
que tu e eu,
na noite das hipérboles,
demos d'oferta,
aos ouvidos do outro,
nos encantos da solidão,
da cascata da hora,
na chuva da noite,
tu eu,
eu e tu,
sentados e molhados,
no olhar do outro,
a entrar por magia,
a saber caminhar até à alma,
...cada um a viver...
na alma que no outro mora,
são as mãos dadas,
e as caras encostadas,
até a noite entardecer...
até a cascata secar,
na chuva raiar fogo,
e o sangue arder...
mais fogo e outra dança,
e outra cascata despontar,
noutra noite cruzada,
noutra paixão num rio,
noutra madrugada...

Mártires...leva-os o mundo


Se me amares,
resgata-me da minha ilusão,
rendido à podridão,
de perfumes abandonados,
deixados em acasos,
num qualquer corredor,
por onde passas-te,
e olhas-te para mim,
e me deixas-te,
abandonado,
a olhar para ti,
queres enlouquecer-me,
e regatar-me...
não sei para onde,
não sei por onde...
sei que vou fugir,
vou desesperadamente fugir,
não te quero olhar,
não quero perder-me,
não quero sonhar,
coloco a minha mão no chão,
é aqui que irei estar,
agarrado à realidade de mim,
agarrado à realidade do meu ser,
não, não deixarei,
não te olharei...
escusas...
escusas estar prostrada,
com olhar de sedutora,
pois eu nego-me,
nego-me do fundo do meu ser,
as paixões leva o vento,
e os mártires leva-os o mundo.

Caminhando até ao fim

Caminho até onde não sei,
vivo até onde Deus e eu sei,
mas a ti não te conto nada,
a ti não te deixo as cartas,
nem os provérbios dos magos,
porque eu vou caminhar,
por onde o vento me levar,
e a madrugada durar,
vou pernoitar nos casebres malditos,
e rezar versos aos filósofos antigos,
perder-me na ilusão de ser,
na ilusão de sentir,
vou perder-me nos trilhos,
que traçares para mim,
vou-me perder e ser,
o som da manhã que vais ouvir,
o último supiro ao adormecer,
mas andarei por aí...
perdido...
ansiando...
mas não tendo,
sendo o que desejava e não percebo,
vou caminhar,
caminhar com o teu perfume na minha roupa,
porque não sei por onde vou,
nem por onde seguirei,
sei por onde não quero ir,
mas não sei...não sei mesmo...
se estou a ir por esse caminho...
sei que vou longe de ti...
não sei onde estas,
nem por onde andas,
só caminho perdido,
ansiando não sei o quê,
talvez só o perder-me,
ou sentir,
ou simplesmente...
ter o coração a explodir,
ter a alma a brutar,
mas o que vou afinal encontrar,
o que afinal vou escrever,
neste poema
,neste verso,
nesta história perdida,
que só transpareço o que me vai no raio da alma,
o que me vai no desamparado coração,
o que me vai nos dedos que não param de escrever,
e escrevem como sorvendo vida às teclas,
escrevem, escrevem, escrevem
...sobre....
caminhar, caminhar, caminhar...
por este mundo, por esta vida,
somos da tribo dos poetas,
criamos as sagas dos iluminados,
renascentistas,
os últimos escribas do romantismo,
quem sabe se faça...
uma Ordem dos Poetas,
onde todos os que sentem e dessentem,
se TORNEM GRANDES,
SE TORNEM ETERNOS,
nos que os sabem ler,
nos que os sabem sentir, sentir,
porque estou farto de caminhar,
e nem saber,
POR ONDE ESTOU A ÍR,
POR ONDE ESTOU A ANDAR,
só sei que caminho, caminho,
até onde afinal a vida...
souber me levar.......
até onde a águia que mora em mim afinal me fizer...
voar.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Livro Quimeras Desconcertantes

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Incomensorávelmente...nascido para amar


Eu nasci,
nasci do fim do mundo,
na paixão de um segundo,
para te amar,
no meu primeiro grito no mundo,
aprendi a respirar,
só para te amar…
aprendi a gatinhar,
saltar, correr, falar,
cada passo a dar,
só para te amar,
faço os meus recitais,
conjugo as minhas vogais,
só para te amar,
virei poeta das palavras mortas,
pinto o céu a castanho marfim,
só para te amar…
no que crio…
idolatro-te,
maga deusa do controlo,
épica musa do desassossego,
vieste transtornar os meus sonhos,
fizeste quebrar as barreiras,
entre a vida e a morte,
e no segundo que pernoito,
quebra-se o olimpo,
ouço latim nos becos,
ouço desordem nos andares,
e por ti...
sim por ti...
nasci,
cresci,
só para te poder amar...
e no fim da vida...
prostrado no caixão...
estarei à espera...
siderado no caixão...
encontrarei no teu sorriso,
o mago conceito...
do mundo imperfeito,
de ter nascido...
só para te amar.

..até ao amanhecer...


Guitarras a tocar,
violinos a entoar,
e os corpos a dançar.
Apaixonados amantes,
a tocar magia,
na noite de luar,
até uma noite eterna,
que de eterna,
só tem o amanhecer,
esse que entoa,
como fim de comunhão,
aos errantes dos prados,
a fazer amor,
e a Eva entoar a Adão,
que o pecado foi a ilusão,
dos beijos tardados,
na busca da canção,
na busca da batida...
...UM POUCO...
de ti e de mim...
nesta dança serena,
perdes-te e eu já me perdi,
até o som entoar...
até o sol nascer,
ás 3h da manhã a marcarem passo.
E nessa dança,
de fogueira ardente,
que permanecem as memórias tardias...
de quem não quer acordar,
de quem não quer dormir,
e num momento...
quer se prender,
num momento quer parar.
E VIVER VIVER VIVER...
a amar...
a sonhar...
nos lábios perdidos...
nos lábios almejantes...
de sedução...
e quando pensares...
Que estás a viver a eternidade,
a eternidade é te roubada,
a eternidade desaparece,
e o vazio te acompanha,
na necessidade do momento...
na necessidade do sonho...
na necessidade de ser mais além...
seja o que isso for,
seja o que isso pareça...
e só saber...
que naquele momento,
cravas-te a ouro,
nas rochas do rio,
as palavras da eternidade,
as palavras do sonho,
as palavras da verdade...
SOBRE AQUELE MOMENTO.
O momento...
que era eterno...
só até amanhecer...
um momento...
que era eterno...
até a vida voltar a correr,
e a magia ir descansar...
para nunca mais se voltar a encontrar...
e no desfolhar dos momentos...
que te achei...
mais rapidamente...
te perdi...
e desorientado...
te procuro...
te anseio...
te vivo...
ansiando te encontrar...
E RENASCER.
NO ETERNO MOMENTO.
mesmo que só até ao nascer do sol...

Conquista o teu mundo


Tu que tens a ira nos olhos,
tu que te eliminas a cada passo,
Olha bem no espelho,
respira e deixa embaciar,
desenha o teu nome na humidade,
agora apaga-o.
são assim os teus sonhos...
são assim os teus delírios,
delírios puritanos, delírios predadores,
eliminas-te e desejas mais e mais...
e apagas o teu nome da história,
Salvador Dali no arrebatamento,
Marco Polo na conquista,
apagas-te do mundo,
sonhas sem sonhar.
Tu que te eliminas...
...Pára...
...por favor...
...Pára...
Quero ver o teu nome a flamejar,
nos livros te eternizar,
na magia irradiar,
deixa-te ser, deixa-te pertencer,
não penses que te reduzes...
não penses que te perdes...
Alimenta-te da vida.
Alimenta-te das paixões,
emana sedução,
emana determinação,
E FOGE.
FOGE.
do mundo que te apaga,
do mundo que te torna igual...
a de quem não és igual.
TORNA-TE TU NO QUE ÉS.
não no que querem que sejas...
TORNA-TE
ENGRADECE-TE
QUERO VER-TE BEM NO ALTO
QUERO VER-TE BEM NO TOPO DO MUNDO
...conquista o mundo...
CONQUISTA O TEU MUNDO.

Incomensorável Arte


Na vida, Exprimo-me...
sem sequer exprimir o que vai dentro de mim,
exprimo-me,
sem sentir o que sinto ao raiar do dia...
...é na arte,
inequívoca arte,
que solto as amarras,
que me exprimo e sinto.
A arte incomensurável arte,
que nos fez brilhar o olhar,
que nos fez sonhar o amar,
que nos fez percorrer alas e vales...
é ela...
na sua forma mais magnamica,
que nos fez saber que a vida existe,
que o mar pode voar,
e os céus podem ser cobertos a fios de ouro,
é essa a arte,
de quem sente sem poder sentir,
de quem vê mais do que os outros,
e alcança o infinito...
onde ele esteja...
onde ele more,
onde ele renasça e nasça,
e renasça de novo,
num ciclo infindável de poemas,
canções ou papiros largados ao vento...
Mágicos cansados pernoitam nos meus sonhos,
perdi a emoção...
perdi a destreza...
a vida apaga-se há espera de se reacender.
a vida reacende-se na busca de nunca se apagar...
E foi nas noites de luar,
embrulhados em mantas,
onde os arfares dos coros coraram,
que nos raiares dos rios,
onde os lobisomens se transformaram,
que os desejos ébrios,
se raiaram, se eternizaram,
como as pedras em calçada,
e as rochas em altares,
erguidas para ficar,
erguidas para servir,
erguidas para serem servidas...
ELAS TAL COMO O AMOR...
ELAS TAL COMO A PAIXÃO...
Magnânima paixão,
que tende a embriagar a alma,
a enlouquecer os sentidos,
a enigmar os olhares,
e a perdurar na loucura,
a imaginação dos loucos apaixonados,
que vivem para a loucura,
que vivem para um breve momento,
para um raiar de vida,
maior do que eles,
maior do que o mundo,
maior do que os deuses,
idolatrados por todos,
ou por ninguém...
mas os magos do além...
são eles...
apaixonados...
e embriagados pelas suas bocas,
naquele breve momento de loucura.

Solidão


Quando eu estou sozinho,...
quando o mundo tende a ruir e eu a construir,
quando as pedras da calçada me acompanham,
eu sigo acompanhado,
por ti solidão do sentir,
vamos até onde os passos nos levem,
até onde a esquina se perca...
no teu e no meu olhar...
quando eu estou sozinho...
sim solidão...
quando estou só acompanhado por ti...
apaixono-me por ti,
enlouqueço por ti,
arrebato a vida pela união desta solidão...
acompanhas-me nos crepúsculos,
e eu levo-te à lua nas noites frias de luar...
Sim solidão...
quando eu estou sozinho...
estou contigo...
estas comigo...
não me deixas disfrutar a solidão...
sem te sentir bem pertinho de mim.


Anjo do Desassossego


ABRAÇA-ME...
Dá-me a tua mão...
preciso tanto de sentir...
preciso tanto de vibrar...
com o pôr do sol,
com um beijo ao luar,
com um poema ébrio...
de paixão ou terror,
desde que na vida...
não deixe de SENTIR,
para saciar a minha sede,
a minha angústia de consumir sentimento...
a minha angústia de colmatar...
o SENTIR...
...AFINAL...
mais do que uma droga...
mais do que uma dependência...
acaba por se transformar numa ceita...
em que todos os dias adoro a vida,
em que todos os dias rezo aos deuses,
sejam os do Olimpo ou os de Roma...
aos Deuses que se dignem...
a fazer-me,
SENTIR.

Prego-me na Cruz


Afinal quem sou,
Descrevem-me como artista sem arte,
Mago sem magia,
Atiram-me muro abaixo,
Do castelo que construi,
Roubam-me o meu oitenta,
Reduzem-me ao oito,
um triste oito…
nada valho e nada fica por dizer,
a submissão é a adjudicação…
por mais profunda,
por mais espelhado que me veja…
absorvem-me a energia,
queimam-na nas fogueiras públicas,
em rodas de bruxas,
onde as meretrizes lançam risos baixinhos,
risos atrozes, mordazes e fogazes,
prego-me na cruz.

Immortal Soul


Um desmoronar de sentidos,
um desmoronar de anseios,
seres derradeiros,
seres imortais,
jamais lidos,
jamais sentidos,
vivos dentro de mim,
vivos a pulsar energia imaculada,
de quem nunca o foi,
nem nunca o será...
só o é...
hoje...
no agora e sempre.
A magia que só eu alcanço,
dentro de mim,
inerente dos poetas,
que de loucos têm tudo,
e de magos nada criam ter...
só sentimos demais,
do que queríamos sentir,
como se cada pulsar do coração,
entoasse numa coluna...
espelhando o nosso estado de almas...
aos demais que passam à nossa volta...
voamos cá dentro...
almejando voar cá fora...
seres livres de tristezas...
com uma nostalgia abrangente,
de uma gaivota que voa à beira mar,
com um pôr-do-sol...
acalentando o seu voo...
enaltecendo o seu olhar...
almejando nunca mais acordar.


Elevar a Alma


É na asa das andorinhas,
que o sol mais brilha,
é no voo dos ateus,
que existem os maiores devotos,
enraízem-se na vida...
elevem-se no mar,
elevem-se magos, astros e anjos,
elevem-se na loucura,
de ser iluminados,
pelo brilho do vosso espelho,
amanheçam no entardecer,
ao lado de um Carvalho cansado,
sintam a força a pulsar,
...BEBAM VIDA...
como um drogado sorve a heroína...
com uma necessidade de a ter...
de uma só vez,
de a viver de uma só toma,
como se não houvesse um amanhã.
mesmo sabendo que é no amanhã...
que seremos mais felizes...
mas vamos dançar hoje,
em volta das fogueiras dos anjos,
aqueles que nos elevam...
aqueles que nos protegem,
do sol à lua,
de saturno a marte,
eles nos guiam...
...amparam...
os anjos que nos iluminam...
rasga as cordas que te amarram,
descalça-te,
e sorri...
VIVE.
VIVE.
VIVE.

Queimar a Terra, Rasgar a Alma



Nasci para gravar,
nasci para marcar,
cada pedra do meu caminho,
cada percurso do meu destino.
Não sou ninguém,
mas sou tudo…
Sou Deus na terra,
E Maria no Céu,
mago de mim mesmo,
na terra construo,
no céu reescrevo,
marco-me para vencer,
nem que para isso tenha de morrer,
nascer,
renascer,
e morrer,
mas nasço para vencer,
e quebrar,
quebrar-me a mim mesmo,
quebrar-te a ti,
e a todos que marco...
eu vou-te marcar,
olha para mim,
olhar siderado,
olhar em quimeras,
transporto droga,
transporto paixão,
transporto o toque...
o toque do sonho dos poetas,
que tendem a viver...
dia a dia...
à procura da fonte que mata,
esta maldita sede de infinito,
que nos rima nas noites de cigarrilhas,
perdidas pelos fumos dos cafés,
pelos copos de whisky,
tentando abrir o nosso espirito,
à nossa própria alma, ao nosso próprio siderado ser.
Maldito sejas...
corpo demente, corpo viciado,
por seres tão sedente nem sabe do quê nem de onde,
sedento de uma droga vaporizada,
droga que injecto na alma,
dia após dia,
tentando acalmar a sede,
tentando acalmar o desejo,
tento trilhar...
pedras e caminhos,
pode ser que se fechar os olhos,
e voar de braços abertos,
o corpo não se queime,
e as asas rasguem das costas,
e num voo louco e caótico,
mato a sede,
ou só descubro...
que irei morrer à sede...

… mas é nas entrelinhas dos outros sedentos,
que acabo por acalmar a minha sede,
nos versos soltos,
de outros poetas,
de outras almas desamparadas,
magas sonhadoras,
magas loucas,
que desejam o que eu desejo,
mas como eu...
não sabemos o que desejamos...
nem para onde vamos,
sabemos por onde não vamos,
em que altares não nos ajoelhamos,
mas …
o resto…
…isso leva a escrita…
Lida só por nós mesmos,
Como se de Bíblias as tomássemos,
Não são nada…
Folhas soltas,
Frases mortas,
Que já tantos escreveram…
Gastas em tantos verbos,
Gastas em tantos desertos…

Pode ser que um dia…
Construa-mos um altar nós mesmos,
Onde possamos queimar essas folhas,
Em rituais desconcertados,
E talvez aí…
Talvez aí…
A nossa sede seja saciada.




Luar na praia


Fatalidades,
banalidades,
escrevo na areia da praia,
caminho sozinho nesta lua cheia,
que me acompanha esta gala de jantar à luz de velas...
brindo ao mundo,
sozinho...
o mar bate na areia,
respondendo ao meu brinde.
E estejas onde estiveres,
bem fundo na alma e no coração....
estarás bem por trás desta lua cheia.
ela que liga almas, mundos e gerações
clichés de vidas,
clichés de ironias,
e quando julgares.
não estou,
e quando sonhares,
o mundo...
o mundo quebrou-te.
o mundo imenso...
esse mundo que nos julga e condena,
que nos põe os dias em fogo ardente,
e por isso me refugio...
na escuridão....
da imensidão....
de uma noite de lua cheia....
em que a única coisa que me pode magoar...T

Tango


Jogo erótico,
movimentos saciantes,
movimentos arrepiantes,
olhar endiabrado,
corpo em fogo...
chega-te ao pé de mim,
...
empurro-te e puxo-te,
olho-te nos olhos,
desprezo-te,
e beijo-te....
prendo-te os cabelos,
não foges...
mas afasto-te.
NÃO TE QUERO,
mas colo o meu corpo no teu,
fixo-te o olhar,
fulgor no corpo,
fulgor no respirar,
tentas beijar,
empurro-te,
afastas-te,
e eu agarro-te,
empurras-me....
e corres...
viro-te costas,
...abraças-me com as pernas,
rodopio....
colo-me...
sinto o teu respirar,
encosto os meus lábios no teu pescoço...
sentes-te ...... morrer.....
os meus lábios desenham as linhas do teu pescoço...
arrepias-te...
as minhas mãos escrevem nas tuas endiabradas linhas,
e ao som do violino...
largo-te no chão...
...e vou me embora...
olhando para trás...
num último toque hipnótico...
como um até já...
noutro tango irei tocar a música do teu corpo...



Burlington Condos Calgary Photographer

Até que o dia volte outra vez a raiar


Sou forte...
muito forte,
transformo-me em rocha,
Agora... o meu coração...
esse ri-se da minha tentativa vã
de não sangrar em feridas abertas...
de não gritar pelos cantos.
aguardando...
que alguém pegue no farrapinho,
e o aqueça ao pé do seu coração...
como já dizia a poetisa de outros tempos,
de outras vontades,
mas com os mesmo ditos,
as mesmas dores,
as mesmas trágicas vidas...
Somos tão dificeis de preencher
nós poetas desalento?!
somos mágicos cansados...
em tarde de chuva...
sentamo-nos à chuva gelada...
e no sentir do frio,
no sentir dos sentimentos...
caçamos a felicidade...
somos caçadores de almas,
caçadores de sentimentos,
vamos até ao fim do mundo...
se lá estiver o infinito de algo...
algo que desconhecemos,
algo que não sabemos...
algo que nos fará atingir o clamor dos predistinados...
procuramos...
ser poetas ausentes,
ausentes do fisíco e das histórias...
e andamos nas nossas estórias, retóricas e vidas...
que existem só nos nossos sonhos e cabeças...
e nessas... sabemos que podemos confiar,
que podemos nos entregar,
sem nunca, mas nunca haver desilusão,
magoa,
ou estado de alma cansado...
até que o dia volte outra vez a raiar...

Atrás do espelho


Vê nos meus olhos
lê os mundos encantados...
esses que me enlouquecem,
que me fazem querer mais e mais...
como numa música,
em que os baixo elevam a dor,
elevam a história trágica,
e em vários capítulos,
romancescos e fervorosos,
simplesmente vivendo,
e na vida clamando...
que o seu peito tem enclausurados,
magos em sonhos perdidos.
Tento várias chaves,
os sonhos estão no cofre do sótão,
e não os consigo soltar,
não os consigo abrir...
olho-me ao espelho,
e não me vejo,
tornei-me invisível,
parto o espelho, parto na fúria...
de quebrar as maldições,
no correcto do incorrecto,
só quero devolver asas
a sonhos infantis...
de quem era ingénuo,
e vive na ingenuidade do seu ser.

...Lê este capitulo...


Escondo-me nos meus sonhos
só eu sei o meu nome,
só eu sei a força que pulsa em mim...
...sou monte calmo em tempos de tempestade...
...vulcão quando o mundo não espera...
e se apareço é para partir regras,
é para quebrar insignías,
lançar mastros com mandamentos ao vento,
fazer sentir...que vale a pena sentir.
Já fui e não sou...
e serei quando o tiver de ser...
porque as asas recolhidas...
essas têm vontade de voar...
e no palco da vida...
fui feito para criar, amar, sonhar...
SER.
Seja o que quer que isso seja...
nos livros, na Bíblia ou no Satanismo...
Nasci para viver...
não me queiram matar...
não me queiram tentar...
que aclamarei a uma só voz...
só eu sei o meu nome,
só eu sei a força que pulsa em mim...
Irei destronar os infiéis...
Irei destronar os desgastos...
E serei o primeiro a aclamar o nome dos anjos...
Irei vencer, irei nascer, renascer...
até ter a certeza... que O estou a viver.
que estou A ser.
...Mago, Mágico, Sonhador...
...Vingador, Deus das Quimeras...
Que te irei levar a ti, a mim, a vós...
E no auge do abismo...
Irei arrancar a dor...
devolver o ardor...
do sonho quimera...
na quimera de um sonho ainda não vivido,
não sentido, não amado...
a espera...
só que o seu capítulo...
seja LIDO.

Quatro e meia da manhã


Acorda...
olha lá para fora,
as estrelas falam contigo.
Veste o casaco, e vai sonhar...
Sentir o vento frio na cara,
sentir a vida na pele,
a magia do vento,
O sussurro da porta...
Descalça-te e sente o chão...
sente comigo que estamos vivos...
a lua conta-te estórias,
não te ponhas com retóricas...
deixa-te elevar nas horas de nostalgia,
onde a hora já vai tardia e o sonho...
esse é demasiado cedo...
para desistires:
de ser...
de chorar...
de rir...
de amar...
de sonhar,
acordado ou a dormir,
mas a viver...

Jackpot


Em meu redor,
pergunto a que cores me pinto,
pergunto a que palavras sou falado,
desde o raiar do dia,
até o anoitecer da noite,
poderei ser adorado,
como poderei ser marcado...
selvagem no sentir,
selvagem no amar,
sou...e quero que sejam...
magos à nascença
especiais no crepúsculo...
eternos na imensidão.
Afinal de tão pouco que peço...
A perfeiçao chega tão bem...
...e neste caminhar...
por mais pedras que coloquem no caminho,
não me irão parar...
espero fazer entender...
espero fazer sentir...
que essas pedras...
tal como jactos de agua em fogo...
esfumam-se, evaporam-se na dor,
e nos trilhos da vida
aparecem amores sinceros de quem cuida,
aparece um amor terno de quem luta,
e quando tu perguntares...
o porquê...
é o não bastar estar...
tens de marcar a sorte,
tens de trilhar o jackpot...
ele que te saia todos os dias...
tornando a vida numa roda viva,
uma roda de sonhos eternos,
vividos ao dia...
vividos ao segundo...
até que no jackpot nos saia a cruz...

Mendigo de vidas


As velas que se apagam à nossa passagem,
não são mais que achas de fogueiras
que se deixaram apagar,
quando a chuva caía,
quando a chuva ria,
ao dançar no átrio nua...
...nua e crua...
com as lágrimas a servirem de vestes,
e ao sentir-se abençoada por Deus,
sentia-se DEUS...
sentia-se no topo do mundo...
mesmo com o mundo a desmoronar,
mesmo com o mundo a ruír a sua volta,
a loucura nas almas enlouquecidas,
a raiva no ódio de quem mata,
mas no meio desse turbilhar de sentidos,
desnorteados na busca do seu norte,
no meio desses trilhos cruzados sem se cruzarem...
lá caminha a dor, o sentimento, a pureza...
de quem só quer...
ser feliz...
nem que para isso...
seja mago, santo, Deus,
ou pedra...
...afinal o que interessa...
é que essa chuva de lágrimas...
raia um arco-íris...
e possa ser.
Feliz.

A semente do sonho


Os sonhos utópicos desmesurados e infindáveis...
Sonhos de quem voa mais do que caminha...
Sonhos encantados, sonhos perfumados, sonhos das lezírias...
...
entopem-me as veias de danças esvoaçadas aos ventos,
onde fico no prado a olhar os moinhos a girarem,
fico a ver o céu a vestir roupas de gala,
e a encher-se de brilho...
fico a dormir ao relento... a sentir o frio a marcar-me o rosto,
fico com a lua a iluminar o moinho,
que com chuva e frio nunca para de girar,
olho para o moinho e penso para mim...
é como eu...
mesmo na pior das alturas, os sonhos são sem fim,
parecem estar tatuados na nossa alma,
vieram para nos abraçar,
vieram para nos beijar,
vieram nos encantar com histórias e fábulas sem fim...
e mesmo no término de um sonho...
vem mais uma chuvada,
mais uma noite de trovoada,
mas os quadros a óleo voltam a encher-se de cores vivas...
quando o sol voltar a nascer,
e na nossa alma for semeado mais um novo sonho...
Sonho que mais uma vez vai crescer e germinar...
Vai envelhecer e à terra voltar... Caindo em semente...
Para semear...outro novo sonho.