Livro "Quimeras Desconcertantes"

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

É Segredo

Segredos que nunca conto guardo nos meus cofres,
balançam pelos vales, e dos vales faço meus cadernos,
escrevo sobre segredos que ninguém sabe,
fechados num mundo que todos desconhecem,
são esses sonhos que me fazem sorrir,
vou os manter secretos...
vivo os mesmos segredos,
vezes sem conta nos meus sonhos,
venha o santo sepulcro e me leve...
que só ao Diabo vou contar,
o que os meus olhos escondem,
pecados mansinhos que tenho fechados na minha imaginação,
sou um e sou mil,
mil vidas que acontecem todos os dias,
cérebro que não para de dar voltas,
imaginação que me leva ao submundo do pecado,
luxuria, prazer, paixão que levarei para a cova,
são os segredos dementes e apaixonados,
que não contarei.. mas se te aproximares...
eu dir-te-ei ao ouvido...
mas como em todos os segredos...
vais ter de me prometer que não contas a ninguem...
e que levas os meus sonhos para a sepultura.
Não te irei mentir...
é um sonho que não posso contar...
mas se te aproximares...
muito de mansinho vou te dizer ao ouvido,
irás arrepiar com o segredo que levaras para a sepultura,
agora que o segredo, já não te é segredo...
podes viver o segredo comigo na minha mente.
Na minha mente vens desenhar os pecados de quem se perde...
de quem se perdeu em braços da imaginação,
prazeres carnais nunca vividos,
paixões desmedidas do que não se vai contar,
nem aos nossos botões nem às pedras que me marcam o caminho...
mas a ti...
ao ouvido...

TE DIREI.


Deserto de vida

Acordei a olhar as estrelas,
as mesmas que te acordam à noite,
aquelas que te iluminam na escuridão,
as estrelas que nos juntaram naquele luar...
...
perdia-me no teu olhar,
amava-te a cada segundo,
até ao dia da minha morte...
sabia que este amor,
na sua imensidão de eternidade,
um dia ia acabar...
e mesmo assim perdia-me no teu olhar,
perdia-me na sombra do teu corpo,
enlouquecia na penumbra do teu toque,
mesmo sabendo que um dia o fim ia chegar,
nos sussurros dizia-te que no dia do fim do paraíso,
eu iria ao mais alto penhasco,
e iria morrer no cair das estrelas,
e embrenhar na escuridão,
iria morar no umbral....
...
Agora que caminho nas ruas desertas,
falecido de sentimentos,
morto de vida,
penso que estas estrelas de penumbra,
te estarão a iluminar...
e eu...perdido...
ando sem rumo...
procuro o teu olhar aqui, ali e alem...
e ao fim do dia,
exausto de deserto...
sento-me no beiral do passeio...
há espera que a luz se volte a acender...