Numa dança a passo veiem-se a enganar,
pelos seus extremos olhares cruzados
e sonhos entrelaçados de um mesmo fado.
rezam a Deus antes de ser dia,
rezam a Marte nos suores noturnos,
rezas de quem se tenta enganar,
que o que ontem foi já não o é amanhã,
e no amanhã pode ser santo na divindade de ontem.
Rezam crónicas de amores perdidos,
dores ganhas e perdidas,
dores santas e desmedidas,
de quem já tudo víu, tudo sentíu,
tudo aconteceu no seu triste fado.
Choras tu e choro eu,
em lágrimas unidas,
que banham o solo de terra santa,
da dor edíficada,
na dança de corpos ardentes,
e nas almas doentes,
de quem já não aguenta...
este seu triste fado.
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