Livro "Quimeras Desconcertantes"

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Terno Olhar

Posso ser mártir ou monge,
dizer-me poeta dos estados de alma,
e amar ver-te sorrir,
e sonhar fazer-te voar,
posso sentir as chagas das dores,
e sentir que o meu coração pulsa para além de mim,
sentir que até nas lágrimas eu vou te amar...
posso dizer que sei brincar com palavras,
mas com o sentido do coração...
com esse não aprendi a brincar...
sou sério de marmore,
sou pedra que sente sem partir,
até posso angustiar e esperar que nas ruas te veja,
nos momentos que não te tenho ao pé de mim,
até posso segredar-te sombras ao ouvido...
que tu saberás que te amo...
que tu saberás que te sonho...
até podes dizer que o chão foge,
que a desilusão nasce e renasce na calçada...
eu dou-te sementes de luz...
pega...
pega nelas amor...
atira-as ao ar...
sorri...
sente...
brilha...
elas vão nascer, germinar, florir,
elas vão criar vida antes da morte,
e na morte...
não te preocupes...
eu falarei com o sombrio vulto,
escreverei-lhe frases soltas de desarmonia,
contornarei magos e monges,
e os deuses fugiram do meu olhar...
irei comprar a eternidade no alem mar...
e mesmo nos olhos cansados...
olha bem fundo neles meu amor...
morará o romeu que te prometeu...
verás que nem quando a alma fugiu...
o teu amor deixou o olhar...
olhar terno...
olhar cavalheiro e apaixonado...
nele verás albuns de momentos,
cravados no seu baço brilho...
verás... que eternamente te levo...
e na eternidade que comprarei...
te cravarei para sempre...
na minha alma.


Sepulcro ao luar

Existem homens que da humildade fazem a sua disciplina
outros que aprofundam a caridade numa castidade brutal,
a paciência é a generosidade da temperança...
e no outro lado...
mora a soberba... o orgulho...
luxuria enlouquente, e ira perdida...
a gula inveja a preguiça...
E nestas virtudes de pecados...
moram almas e sonhos...
viram eles tripas e anseios,
fazem eles chorar a mais casta das almas,
deixando-a verter sangue em gotas de dor,
veneram-se umas as outras,
fazendo falecer os sonhos de quem...
afinal so sonhava...
que o deixassem sonhar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Arco-íris a sépia

Eu não tenho medo,
sou rei e Deus no meu reino,
paz aos homens que perduram nas minhas mãos,
rei do respirar, rei do sentir,
transformo-me a cada dia,
a cada dia dou mais um passo para a lua,
cheiro o suave brilho das estrelas,
e ao pó me entrego,
num renego de espirito e magos,
não vivo nas sombras,
não vivo para além da verdade,
é aí que danço,
é aí que que enlouqueço,
nos sonhos doces,
que vou alimentando a cada dia,
e na magia de voar,
voo aguardando não mais aterrar,
voo esperando que num loop rasante,
arraste o teu coração,
para um voo a dois,
onde as regras são as nossas,
onde a biblia é escrita por nós,
e os mandamentos ditam o amor,
e os mandamentos fazem abrir,
o que sempre fora fechado,
e eu que rei do nada sou,
rei do além mar,
mar da minha banheira,
onde guerreio contra inemagináveis males,
sejam eles quais forem,
e nessas lutas,
em que sou guerreiro das sombras,
escondo-me como vilão,
e sou herói da solidão,
mas capitulos novos aguardam,
rasgar os livros que escrevi,
encarcerados em masmorras,
e quem sabe...
nestas sombras...
haja lugar para um arco-iris...
pintado a sépia...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Nostradamus

As almas não sonham,
elas perdem-se nos encantos da imaginação,
fazem-se maiores do que as pedras,
menores que os astros,
e no caminhar das pedras da calçada,
que as vou coleccionando nas minhas brumas,
perco-as dentro do meu peito,
construo os meus castelos de fogo,
e os meus dragões de anseios,
perdem-se nas guerras dos moinhos de vento,
e eu já cansado,
de tanto caminhar,
com o coração no anseio do amar,
com a paixão na melodia do beijar,
quem sou eu?
quem és tu?
amantes da vida,
adoradores das sombras,
adoradores das magas palavras,
que Nostradamus pronunciou,
naquela tarde do apocalipse que virá,
almas predadoras na busca de capturas,
almas guerreiras de sangue lusitano,
corpo humano, ébrio de luz,
anseio de infinito,
seja afinal o que isso seja,
já que onde quer que ele esteja...
sei que não será ali que eu estarei,
e na infinidade dos passos,
andarei a caminhar até as solas romper,
em busca de não sei o quê,
em busca nao sei de onde,
só sabendo que vou indo... amando...
só sabendo que caminho... de mãos dadas...
e que no além...
estarei com quem...
vou sempre amar.