Livro "Quimeras Desconcertantes"

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Perfumes e Perfumes

E na penumbra da noite,
ao sentir o teu perfume numas escadas deixado,

breves notas de ilusão,
breves suspirares de maresia,
breves magos sons de nostalgia,
em gritos adúlteros,
em corpos que se consomem ao som do tique-taque...

meu coração a suspirar um só beijo,
um vislumbrar de teu olhar,
que se perde no meu pelo tempo...
um breve toque em tons pastel,
a cobrirem a tua doce pele,
lábios em carmim, lábios carnudos,
lábios envoltos em desejos,
que ditam noites mágicas,
que perfazem noites trágicas,
de quem se perdeu onde não se devia perder,
que olhou para onde não deveria olhar,
e perdido na perdição,
daquele olhar cobiçado pela penumbra,
agora estou inocentemente escravizado.
Escravizado da hora de voltar a ver-te,
escravizado pelo diabo que me consome o meu corpo,
nesta paixão que vagamente permanece ao som do sino,
que vai entoando lá ao fundo,
Quis permanecer acordado,
mas adormeci... depois de sonhar...
Aquele perfume que me enlouquece,
quebrar as barreiras, quebrar o mundo,
para te olhar, para te agarrar,
quebrar os sonhos para te ter nas minhas mãos,
não quero saber, não quero a razão...
quero-te no meu mundo,
quero-te na minha razão,
nem que seja pela alma desta canção,
na magoa do som que vou entoando...
passo a passo,
sintoma a sintoma,
só por um aroma,
que permanece encrustado nestas paredes...
que endeusam estas escadas...



Suspirar à noite...

A paixão de ser só por ser,
aquele toque do seu olhar na tua face,
o passar de segundos em infindáveis horas,
em que nos corredores da morte,
ouço entoar mais uma voz,
mais um som em mais um grito,
mais uma almejada necessidade de ter algo,
de ser algo,
e afinal que somos nós...
...
os anos passam,
as memórias ficam, os sonhos perdem-se,
e na tumba do raio da vida,
fica escrito a carvão,
o nosso memorial,
memorial de um defunto,
em que chega o diabo,
e com um pano húmido te apaga da história.
...
por isso...
Escreve numa perdida rocha,
esculpe as letras a cizel,
vai ao mais alto dos penhascos,
atira a tua história para o fundo do mar,
onde o diabo não a encontre,
e os reis dos suburbios achem demasiado longinquo,
onde nem as lágrimas são doentias,
nem os doentes são a cura,
... onde o teu amor,
aquele amor daquele toque...
permaneça no teu coração,
imaculado e eterno como sempre o desejas-te,
onde és rei e senhor,
a vida é comandada pela tua voz,
pelas batidas do teu coração,
e nesse teu amor,
amor eterno, amor faminto,
onde a paixão carnal vislumbra a cada segundo,
um beijo, um entoar,
de uma noite de canções em discos riscados,
onde os magos perderam o jeito de trovar,
e os trovadores aprenderam a amar...
...
e nesta loucura...
que te sentes depositado.
tenta...
tenta...
tenta...
e morre a tentar...
nem que seja a última coisa que faças....
amar.



Antes que seja amanhã

Na chuva da tempestade,
onde os rios viram mares,
e é nas marés em que nos perdemos,
nos olhares,
nos cruzares da vida,
as encruzilhadas dos seres ninguém,
e do nada sermos tudo,
a vida tão curta,
a magia pouco dura,
viver intensamente,
até ser manhã,
antes...que tudo acabe...
antes que tudo deixe de ser,
o certo que hoje é,
o certo que hoje se sente,
o estar vivo no amanhecer,
amanhã...pode não ser,
amanhã pode não existir,
amanhã, só amanhã...

já pode ter morrido.



Devassidades

Deixar-me caír,
desistir e caír...
nos sonhos...
ver-me diambulantemente a caír,
não tentes me levantar,
não quero sorrir,
não quero ser feliz,
quero sentir a dor...
sentir-me triste,
sentir-me perdido,
para quem sabe dentro de mim,
na cultura da dor,
encontrar o meu eu...
que talvez me faça...
deixar de caír.

e nos etéreos palhaços,
que nos tentam fazer sorrir,
magos da vida,
magos da morte,
olhem-me nos olhos,
sentem-se a meu lado,
chorem comigo...
se me encontrar...
iremos sorrir unidos.


Por muito que tente...

Por muito que eu tente,
existem coisas que me ultrapassam,
vontades que não controlo,
quereres que me apaixonam,
por mais que tente,
por mais que queira,
a vida manda em mim,
e eu perco tudo,
no fim perco o controle de tudo,
por muito que tente,
existem coisas que a vida manda e remanda,
e eu já não quero saber de nada,
não preciso de nada,
não preciso de ninguém,
porque no fim nada tenho,
e no fim, olharei a lua,
lua cheia,
num monte de vendavais,
onde o mundo acaba,
e um poçosem fundo é para onde posso ir,
num mundo onde não tenho nada,
num mundo que o que possa querer,
não irei poder ter,
fico reflectido numa janela,
fumo um charuto da desonra,
num mundo onde a honra não interessa,
e por muito que queira...
NO FIM PERCO TUDO,
NO FIM PERCO A VONTADE,
A MARCA DE SER A PROPRIEDADE DO QUE QUER QUE SEJA,
sou eu propriedade da desgraça,
tente ou não partir a corrente que me liga a desgraça,
no fim nunca importa...
no fim nada importa...
porque vá por onde vá...
não será por onde eu devo ir,
não será por onde eu quero ir,
e no fim...
PERCO-TE A TI, PERCO-ME A MIM,
porque queria ter a vontade de querer,
mas o querer não é poder,
e no fim perco tudo,
no fim perco a vontade...
de ser.


Sonho do Sonho

Tenho o meu terço nas mãos,
a minha gloria marcada nos objetivos,
a tristeza como luar,
e o mar a fazer de sinfonia ao meu sonho,
olho-te nos olhos,
sinto-me morto,
sinto-me vivo,
e entre as trebarunas da ilusão,
de mais um dia que passou,
de mais um dia que começou,
roubo-te um beijo,
logo ao nascer da manhã,
e ouço a sinfonia dos tempos,
a tocar repetidamente,
as épicas notas di renascer,
da escuridão,
onde eu monstro da poesia,
estava escondido do mundo,
e agora danço na tua boca,
as melodias dos beijos da noite,
os beijos dos tempos,
de um sonho que com o mar a rebentar,
estou a viver um sonho dentro de um sonho,
e dentro desse sonho estou a sonhar,
com um beijo roubado,
com uma sinfonia dos infernos,
a consumir-me a pele, a consumir-me a alma,
senais que os tempos estão eternos,
na eternidade dos meus sonhos,
e quando volto a adormecer,
volto a descer à escuridão,
onde um beijo é roubado,
e uma alma é consumida,
pelos fogos do inferno,
pelos fogos das almas,
que em labaredas se consomem,
que em chamas se amam...
até a noite acabar,
e a noite ser dia,
e a vida acabar com o sonho,
sonho do sonho,
acorda do sonho,
de dentro de outro sonho,
e fico acordado...
a olhar o espelho...
e a querer voltar a querer dormir...
para sonhar...e no sonho...
adormecer...para sonhar...

Alarmes Activos

E lá estou mais uma vez a falar com o meu cérebro,
não me intitulo de poeta,
não me intitulo de artista,
sou um rapper dos descosidos sentimentos,
que vou sentido e reconectando,
entre o céu, o coração e a terra,
na conecção existe alguém que se acha DEUS,
aparece o cérebro a querer mandar,
a rebentar os balões dos sonhos,
raio do cérebro que toma a triste decisão,
que a melhor maneira de travar a dor,
é pensar e repensar nos sentimentos,
afogando-o em questões e mais questões...
até conseguir...
colocar-me louco, completamente louco,
cheio de incógnitas,
e coloca-me a rappar noite fora,
até o céu raiar e depois de mais uma noite,
de fumo, álcool e berros dentro da minha cabeça,
os sentimentos no aurora se esfumam,
e mais uma vez ganha o CÉREBRO,
maldito cérebro que coloca regras,
que coloca leis e mandamentos,
os meus sentimentos querem viver,
sonhar e sentir,
estou confuso, porque os sentimentos soltaram os alarmes,
alarmes da vida, alarmes da felicidade,
mas o raio do cérebro entende em desligar o sistema,
e dizer para acalmar,
para não viver o momento,
para não ser o momento,
e como não poeta,
e não artista,
a tinta passa e repassa neste triste rap,
da minha conversa com o Céu, o coração e a terra...
onde quem ganha...
é o CÉREBRO...
A destruição das doutrinas mágicas dos poetas,
trovadores do amor,
sonetedores da dor,
que nos historiaram séculos em séculos,
e no final quem ganha...
não é a alma...não é o sentimento,
e vou continuando a rappar as conversas,
que tenho perdido no espaço e no tempo,
pode ser que ao falar com a minha cabeça,
ela entenda as mensagens,
e deixe de desligar os alarmes...