Sou louco
porque afinal
todos são perfeitamente lucidos.
E eu que distorço a realidade.
Nasci nesta distorção.
Vivo nela.
Sinto-a como minha, acordo e adormeço.
E nesta minha visão
que é a minha loucura,
cá permaneço,
enquanto o relógio anda,
e marca o passo
das vidas do que me rodeiam.
e a mim parece me gritar ao ouvido...
já é demasiado tarde...
para fazer o que tenho de fazer amanhã.
Deus é testemunha,
Deus é o meu parceiro,
Ele ouve-me,
e eu ouço-O,
Ele ajuda-me,
e eu ajudo-O,
neste desconcerto,
que é o meu mundo,
onde não sabes nem pressentes,
mas também tu vives nele,
também tu tens um papel a desempenhar,
neste mundo de brocados,
que composto por quimeras desconcertantes,
foi feito para as mentes brilhantes,
onde a paixão não morreu,
os magos, reis e principes ainda existem...
e eu que sou o bobo da corte,
deste reino que também sou rei,
cá permaneço do deitar ao acordar...
a pensar que nesta realidade sonho,
e nesta irrealidade vivo,
afinal quem somos...
afinal quem sois...
afinal quem sou...
se não mais alguém...
que nasceu... viveu e morreu...
e um dia pensou...
que também terá o seu luar,
e o seu amar...
e que foi alguem, é alguem e será alguem...
logo merece sonhar...
merece concretizar...
merece ter...
merece permanecer...
e dizer...
das quimeras fiz brocados...
dos brocados sonhos...
e dos sonhos que emuldurei...
sete vivi...
sete perdi...
e sete anseio...
por voltar a sonhar.
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