Livro "Quimeras Desconcertantes"

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Redes Cronológicas

A vida tende a caminhar,
caminhar pelas redes das cronologias,
de datas achadas, datas perdidas,
ou misteriosamente vividas,
nós deixamo-nos acompanhar suavemente,
a passagem que ela nos vai trazendo,
e vamos a acompanhando,
passo a passo,
momento a momento,
suavemente vivendo,
mas de vez em quando,
...de tempos a tempos...
muito no além do nosso espírito,
vem uma rajada de vento,
emergida em saudade e nostalgia,
que nos faz amar o passado,
recordar as cruzes perdidas,
as batalhas perdidas,
os momentos de gloria,
em que a paixão nos fez emerger,
levou-nos ao infinito,
sentimo-nos completos,
sentimo-nos inteiros,
nem que por breves segundos...
e do nada...
continuamos a sonhar,
até o dia voltar a raiar,
ou o mar voltar a banhar a praia,
com as gaivotas por tras,
a voar pelos céus etéreos...
e na magia de uma dor,
do que não se tem,
não se teve,
ou se perdeu,
vem outra vez...
a monotonia...
de ir vivendo a vida...
suavemente.


Nada posso almejar

Porque sinto eu,
vontade de escrever a tristeza,
na sua altiva inocência,
de ser mais do que sou...
e no final as lagrimas caiem,
os sonhos não existem,
e os magos estão cansados,
de serem mais do que são...
Por mais que pense,
por mais que deseje,
nada chega,
nada transpõe,
a imensidão...
do vazio que me vai na alma,
vazio de tudo, vazio de nada,
e os sonhos do infinito,
a nada posso chegar,
a nada posso ser,
a nada posso almejar,
além do marca passo,
a que estou sujeito,
nesta vida acorrentado,
acorrentado ao que não quero,
acorrentado ao que não sou,
privado do que sonho...
mesmo não sonhando nada...
do tudo que sonho.


Etéreos momentos

Na realidade irreal que vivo,
Gostava de poder conseguir,
separar a realidade,
de todo o imaginário,
que me eleva a sonhos,
não alcançáveis,
saber que aqueles,
pertencem a caixa de pandora,
que tenho na minha vida,
mas não...
a mente tende a atraiçoar-me,
o coração a enganar-me,
e la ando outra vez pendurado,
no nada do tudo,
que lá sei o que isso é,
ou se é mesmo alguma coisa,
mas gostava de viver,
só alguns pedaços desses momentos,
etéreos ou não,
na imensidão dos meus dias,
que tendem a nunca mais acabar,
porque nem sequer chegam a começar,
por andarem em ciclos infinitos,
em busca do que nos eleva...
mesmo que nada me eleva,
nada me preenche,
nada me deixa saciado,
da sede de infinito,
que o raio dos poetas das palavras,
tendem a magicar ter,
no seu ser...de ser...
o que não são.

Ignóbil existência de nada o ser

Estou angustiado, deprimido, viciado,
viciado em lagrimas que me correm face abaixo,
as palavras não fazem sentido,
os sonhos são mórbidos e destruídos,
estou em rotina,
viciada rotina,
os passos que dou levam-me sempre a becos sem saída,
olho para as pinturas descabidas,
olhos prustrados em cruzes cristas,
deviam elas acalentar o meu peito,
mas são elas mais espadas cravadas,
navego pelo mundo,
navego pelo universo,
isto tudo na minha cabeça,
e chegue aonde chegue,
é como se não tivesse partido,
e na paixão de um momento...
continuo parado.
parado encostado na berma,
berma do nada, berma do sem sentido,
a vida continua a por-me a margem da sua história...
e eu sem história e sem enredo,
vou desenhando a minha novela,
no nada do ar, no tudo do deserto,
e as palavras escritas a tinta limão,
nem com o fogo se mostrarão,...
na realidade o enredo será vazio...
vazio de nada...vazio de tudo...
esperava muito mais desta vida...
e ela no demais que eu queria...
tive demenos...tive nada...
e desapareceu-me tudo nas mãos...
fico no sonho etéreo a aguardar que a vida me contrarie...
ou que me diga. que na margem fico, na margem serei...
resignado a minha ignóbil existência...
de nada o ser.


Perdida no tempo e no espaço

No passar do tempo,
tempo escrito e reescrito,
pelo teu olhar no meu...
foi passando a história,
foi passando o tempo,
os escritos ficaram eternizados,
a magia das danças ao luar,
estão hoje iconizadas,
em margens de rios,
e hoje em dia,
manhãs inglórias,
olho o céu...
Paixões escritas,
beijos na pele,
ouço discos riscados,
que já passaram,
acordo de manhã,
e deito-me a noite,
a espera que os dias se reescrevam de novo,
os magos estão ébrios de loucura,
já pernoitam e esquecem,
que é na noite, que a vida acontece,
os corpos eludidos,
num curto momento eterno,
onde as bocas não descruzam,
os corpos se completam,
os lábios acariciam os seios,
os sons ecoam pelas paredes,
e se um dia mais tarde passares la...
irás ver essa noite de paixão,
perdida no tempo e no espaço...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

É Segredo

Segredos que nunca conto guardo nos meus cofres,
balançam pelos vales, e dos vales faço meus cadernos,
escrevo sobre segredos que ninguém sabe,
fechados num mundo que todos desconhecem,
são esses sonhos que me fazem sorrir,
vou os manter secretos...
vivo os mesmos segredos,
vezes sem conta nos meus sonhos,
venha o santo sepulcro e me leve...
que só ao Diabo vou contar,
o que os meus olhos escondem,
pecados mansinhos que tenho fechados na minha imaginação,
sou um e sou mil,
mil vidas que acontecem todos os dias,
cérebro que não para de dar voltas,
imaginação que me leva ao submundo do pecado,
luxuria, prazer, paixão que levarei para a cova,
são os segredos dementes e apaixonados,
que não contarei.. mas se te aproximares...
eu dir-te-ei ao ouvido...
mas como em todos os segredos...
vais ter de me prometer que não contas a ninguem...
e que levas os meus sonhos para a sepultura.
Não te irei mentir...
é um sonho que não posso contar...
mas se te aproximares...
muito de mansinho vou te dizer ao ouvido,
irás arrepiar com o segredo que levaras para a sepultura,
agora que o segredo, já não te é segredo...
podes viver o segredo comigo na minha mente.
Na minha mente vens desenhar os pecados de quem se perde...
de quem se perdeu em braços da imaginação,
prazeres carnais nunca vividos,
paixões desmedidas do que não se vai contar,
nem aos nossos botões nem às pedras que me marcam o caminho...
mas a ti...
ao ouvido...

TE DIREI.


Deserto de vida

Acordei a olhar as estrelas,
as mesmas que te acordam à noite,
aquelas que te iluminam na escuridão,
as estrelas que nos juntaram naquele luar...
...
perdia-me no teu olhar,
amava-te a cada segundo,
até ao dia da minha morte...
sabia que este amor,
na sua imensidão de eternidade,
um dia ia acabar...
e mesmo assim perdia-me no teu olhar,
perdia-me na sombra do teu corpo,
enlouquecia na penumbra do teu toque,
mesmo sabendo que um dia o fim ia chegar,
nos sussurros dizia-te que no dia do fim do paraíso,
eu iria ao mais alto penhasco,
e iria morrer no cair das estrelas,
e embrenhar na escuridão,
iria morar no umbral....
...
Agora que caminho nas ruas desertas,
falecido de sentimentos,
morto de vida,
penso que estas estrelas de penumbra,
te estarão a iluminar...
e eu...perdido...
ando sem rumo...
procuro o teu olhar aqui, ali e alem...
e ao fim do dia,
exausto de deserto...
sento-me no beiral do passeio...
há espera que a luz se volte a acender...