Livro "Quimeras Desconcertantes"

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dez anos aprisionado clamando amor...



Passo dia após dia...

Fechado nesta cela...

lá fora o sol clama por esperança...

cá dentro vejo as trevas...

bem no fundo negro...

choro por não te poder abraçar...

perdí o poder sentir o teu calor...

dez anos vão passar...

por causa da bala trespassada...

em anjo tombado...

num roubo arrancado a ferros...

...

...

dez anos passaramm...

irei sair...

procurar-te...

a tí que prometes-te me amor eterno...

e uma eterna espera...

numa entrega de almas...

valsando numa noite de amor...

...

...

Estou a olhar-te a sair de casa...

Há dez anos não te vía...

Há dez anos gritava teu nome baixinho...

Todos os dias meus sonhos eram contigo...

O sorriso visita-me passado tanto tempo...

mas algo se passa...

dez anos esperei por ti...

dez anos rezei por ti...

dez anos clamei por um beijo teu...

Agora na minha frente...

As trevas levantam morte grandiosa...

Os sonhos removem-se das páginas do diário que ainda não escreví...

Vejo-te beijar...

Não são os meus lábios...

Perco-me na dor...

Perco-me neste ardor...

Vejo-te sorrir...

E não é no meu olhar...

Promessas vãs lançadas...

rasgadas tão facilmente nos teus braços...

a destruição...

torna-se minha guia...

a morte é o meu principal mandamento...

sentia-te bem junto a mim estes dez anos...

em cada segundo...

e agora sei...

que não era junto de mim

que estava o teu coração...

o teu corpo...

tão idolatrado por minhas mãos...

agora sei-o tocado por outras mãos...

sei-o moldado por outras artes...

renego-me a mim mesmo...

renego-me a sorte...

irei seguir os sons que me assombram...

eles pedem me sangue...

e será o meu que lhes vou dar...

e um dia quando nas noticias ouvires...

ex-prisioneiro suicida-se...

saberás que no manto de dor...

que me ilumina o poder do pensamento...

esteve a tua promessa de amor...

que mais do que dez anos...

condenou-me a morte...

eu não irei recorrer...

desta vil sentença a que me condenas-te...

e no meu testamento só vou deixar uma coisa...

e será a ti meu grande ex-amor...

uma tulípa negra...

que tu quando a receberes...

saberás o significado de tão insignificante flor.


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